O futebol é a origem da popularidade de qualquer grande clube. É com o futebol que se conquistam adeptos e mobilizam sócios, é o futebol que garante receitas e corrói orçamentos. O campeonato nacional de futebol é pois, naturalmente, a competição que os principais clubes do nosso país mais querem vencer. O Benfica não tem conseguido.
Num momento em que, a instituição Benfica mostra dinamismo e acção, BenficaTV, as modalidades voltaram ao topo, temos infra-estruturas, iniciativas comerciais, e acima de tudo reconquistamos algo precioso chamado credibilidade, a equipa de futebol demora a descobrir o rumo dos êxitos. Os motivos são vários, e todos potenciados pela desestabilização que constantemente a rodeia, e que, frequentemente, encontra maior relevo nas nossas próprias decepções, como o actual momento. O que motiva tudo isto? Todo um legado que nos orgulha, toda uma vivência, toda uma cultura benfiquista sobre as quais devemos e temos de reequacionar.
Antes de mais se o desempenho da equipa, nesta e em épocas anteriores, origina este mal-estar, ou se, pelo contrário, não estaremos antes a sobredimensionar as nossas expectativas, oriundas e ganhas a pulso no meio de um historial de glórias nacionais e internacionais, para as quais o presente não encontra, nem pode talvez encontrar, a devida correspondência.
Independentemente das ambições de cada um de nós enquanto benfiquista, a realidade actual do nosso futebol é substancialmente diferente do que se vivia há trinta anos atrás, quando dominávamos as competições nacionais e éramos um nome temido em toda a Europa. O Benfica tinha os melhores jogadores, fazia as melhores equipas, mantinha a sua forte mística no seu interior passando-a e de que maneira para toda o Portugal.
Por várias razões, umas de natureza externa (e que razões!!!) outras internas, o nosso clube foi adormecendo à sombra dessa superioridade. Durante muito tempo o Benfica esteve parado e deixou que outros tomassem o seu lugar. Hoje, se continuamos a ser o maior clube português, há muito que deixámos de ter a melhor equipa de futebol portuguesa, pois há no nosso país quem disponha de conjuntos mais fortes, coesos, organizados, experientes, automatizados e ganhadores do que o nosso, e isso percebe-se, senão numa liga doméstica povoada de incidências mais ou menos grotescas, numa Europa onde só os mais fortes conseguem brilhar. Individualidades, temos, está confirmado pelos vários motivos externos e internos que essas mesmas individualidades não concretizam grupos de dinâmica vencedora. É esta a realidade, de nada adianta fugirmos dela por mais dolorosa que seja. E é dela que, com abnegação, teremos que partir, e tendo essa consciência poderemos contrariar eficazmente este ciclo.
Recuperar tempo e a hegemonia perdidos, torna-se necessário para isso fabricar um "motor de várias e complexas peças" – sejam organizativas, desportivas, comportamentais, disciplinares, exemplos de grupo e no grupo, e finalmente uma pela muito importante , dinâmica de vitória. Este “motor” deve no entanto assentar em equilíbrio salarial, não o quereremos potente mas a gripar ao fim de poucos Kms. A construção deste “motor” não se encaixa em simultâneo no tempo de resposta equivalente à impaciência da nossa paixão. Há que seguir, de forma meticulosa e sem desvios, esta construção, tendo bem presente como já defendi diversas vezes que não quero um “motor” que acidentalmente vença um título e que em seguida gripe. Não pretendemos “acidentes”, não é dessa forma seguramente que voltaremos a ser o grande e dominador Benfica do passado.
Acredito que todo esse trabalho, esteja a ser feito, com alguns avanços e alguns recuos é certo, mas o importante é que acredito não estarmos no "zero" .
É altura de termos a máxima exigência face ao rigor do trabalho, mas com alguma tolerância para com os resultados. Temos de aceitar e perceber, nunca com resignação, mas sim com paciência e serenidade os limites de onde partimos, e gerindo muito bem as nossas expectativas estaremos de facto a apoiar a equipa.
Vamos em frente Benfica!