Eis alguns aspectos que considero marcantes na postura que a nossa Equipa deve na visita que teremos de efectuar na próxima jornada ao Porto.
Principal objectivo, assumir o jogo. Sem qualquer descaraterização perante o adversário. Podemos, por vezes, mudar de sistema de jogo, mas nunca para nos adaptarmos ao adversário. Existe um modelo de jogo já praticamente definido e não podemos fugir dele, devemos sim acreditar nele.
O que de mais forte a nossa Equipa pode ter é jogar como Equipa. Mais importante do que termos vários grandes jogadores será jogarmos como uma equipa. É um lugar comum, mas nunca será demais recordar que a melhor Equipa pode não ser aquela que tenha os melhores jogadores, mas sim aquela que joga como Equipa.
E jogar como uma Equipa é termos organização e semos regularares. Aspectos que farão com que nos vários momentos do jogo, todos os nossos jogadores pensem em função da mesma coisa ao mesmo tempo, passando para segundo plano termos pela frente, um Olhanense, um Inter um Porto ou um Rio Ave.
Ao falar de organização de imediato virá a associação ao velho pensamento sobre onde ela começa. Na Defesa, no Ataque? Errado, são inseparáveis. A organização defensiva não pode exigir demais da organização ofensiva e vice-versa. Até Moreira terá a sua função ofensiva, participando activamente nos movimentos ofensivos da Equipa.
Quando falo em assumir o jogo, falo necessáriamente em ter bola e usufruir dela. É claramente a coisa mais importante a ter em conta para além de marcar golos : Ter Bola!
Para que isto aconteça teremos que ter uma circulação alta de bola, bom sentido posicional, isto é, os nossos jogadores têm que saber que em determinada posição há um jogador, devem e têm de intuír que há algo construído e desenhado no relvado que lhes permitirá antecipar as acções decorrentes do jogo à medida que se desenrola.
Como? Não há grande segredo. Amplitude a atacar, linhas juntas a defender e acima de tudo, reacção forte e rápida à perda de bola.
Equilibrio posicional sempre. Sendo óbvio que tem de existir uma estrutura fixa e uma outra móvel. Ou seja, teremos que ter jogadores que têm posições fixas e outros que pelas suas características, pela sua dinâmica terão maior mobilidade.
Outro factor muito importante. Comparando a um jogo que muito tem de futebolês, o poker, o Benfica não pode NUNCA perder a âmbição de ganhar, mas, sei quão importante é nunca perder a tranquilidade e o sentido posicional. E acima de tudo mostrar olhos nos olhos que assim é. E não, nem por sombras refiro este aspecto por irmos jogar nas antas, digo-o e afirmo-o que deve ser aplicado a todos os jogos sejam eles contra que adversário for, seja em que competição se desenrole. Os nossos jogadores deverão manter um linha de ambição de jogo ofensivo, ambiciosa em que seja nítida a intenção de vencer, mas sem nunca perder o controlo do espaço e a sua tranquilidade. Aqui a comunicação entre todos é fundamental.
Desta forma espero que a postura não seja excessiva com o aspecto defensivo. Diz-nos a experiência que se a preocupação com esse aspecto de jogo for demasiado a transição após uma situação de pressão defensiva se torna mais dificil de a transformar numa situação de posse e acima de tudo de transição para uma postura de ataque eficaz..
Em suma, defender bem, é defender pouco! É defender durante pouco tempo, é ter bola o mais tempo possível, é estar com a iniciativa de jogo, não tendo por isso de estar em demasia em acções defensivas.
Outra verdade absoluta. Quanto mais alto defendermos ao recuperarmos bola, mais próximo da baliza adversária estaremos sendo que esta é o objectivo maior.
Quando referi que determinados jogadores dadas as suas características e suas dinâmicas não quero dizer que se devem poupar a acções defensivas, nada disso, a sua posição permitir-lhes-á isso sim, poder discernir e decidir onde a sua função defensiva em determinado momento se tornará mais eficaz sempre tendo em conta a noção Bloco/Equipa.
As acções defensivas deverão ser de pressing zonal. Não confundir com a velha história do homem a homem. Pressing zonal permite conciliar encurtar espaços, criar dificuldades esperar pelo erro com uma postura pressionante , com iniciativa no sentido de intensificar ao máximo as dificuldades e debilidades do adversário.
Vejamos, se o Porto jogar com 2, 3 Centrais ou com central de marcação o que me parece que irá acontecer (e ainda bem por ser um sistema menos móvel), não é drama algum. Tem de nos ser indiferente. Temos sim que em campo colocar em prática o nossa forma de posicionamento independemente da forma como o Porto defenda. O problema tem de ser deles e não nosso. Se temos, e sim já se nota que temos um sistema que em posse de bola funciona seja contra que adversário for, estou-me perfeitamente a borrifar para o facto de jogarem assim ou assado. Quero isso sim que o bloco mais subido use e utilize o seu posicionamento tirando partido de cada instante, de cada transição feita por nós e de cada desposicionamento e/ou erro portista. Não acredito, nem creio que seja igualmente essa a ideia de Quique que devemos "encaixar" no sistema adversário, a propósito de quê? Se tivermos dois homens na frente para 4, ou se tivermos três para 3 mais dois, devemos ter sim em conta que não vamos encaixar em nada, vamos sim jogar no mais importante, no espaço. Eles que se preocupem em tentar saber onde vamos caír e actuar e nunca o contrário. Aquilo que pretendo que o Benfica provoque, será a anarquia posicional na defesa portista.
Algo que tenho reparado em que estamos muito melhor é no facto de sabermos gerir melhor o cansaço motivado por se pressionar alto. E esse é mais um aspecto importantíssimo. Esta posturade pressionar logo à saída do adversário, desgasta muito mais do que sistemas por convencionais blocos separados. Como tal, a gestão de esforço deve ser bem gerida por cada nosso jogador. Descansar, não pensem que é algo individual ou algo que se faz sem bola, nada disso, pode e deve ser feita com bola, fazendo-a circular.
Agora que deixei ao sabor da pena saír os meus dotes de treinador de playstation, vejamos "aqueles aspectos" tão tipicos do nosso campeonato e ainda mais de se jogar nas antas.
Começo por dizer algo tão simples e tão esquecido:
As dimensões do terreno de jogo na Luz ou nas antas, mais cm, menos cm é igual. Ambos têm duas balizas, marcações a branco e surpresa, as Equipas têm à sua disposição em jogo uma bola. Um fica localizado em Lisboa outro no porto. E depois? Na Luz estamos em "casa" sim sem dúvida, nas antas, não. E depois? Vão assobiar? Pois vão. Assobiar e chamar nomes às nossas famílias. E depois? Vão existir erros de árbitragem? Vão, claro que sim. E aqui sim já não digo e depois? Tenhamos em conta que os piores anos já passaram. Que o tal terreno de jogo para aquelas bandas inclinava sempre em beneficio do porto. Não creio que as coisas estejam iguais, nem por sombras, "quem de direito" sabe que a margem de manobra é muito menor, a exposição é muito maior. Mas, ainda existe sim. E é perante essas "coisas" que jogadores, dirigentes e nós adeptos que devemos todos ter vontade e ambição de vencer sim, mas, devemos manter uma postura de forte personalidade estando preparados para tudo o que pode vir a acontecer. E o que pode vir a acontecer? Não, não são já os golos que marcavamos e que não contavam. Não não eram os penalties por marcar em favor do Benfica. As "coisas" já não são tão visíveis. Serão sim aspectos que terão como objectivo a perca da tal tranquilidade de que falei e por consequência do sentido posicional onde e de forma indirecta abrimos portas (ou fazem-nos abrir) para que o porto no sexto lance após uma situação em que sejamos prejudicados marque de "forma legítima".
Eis o maior risco. Factores emocionais interferirem com a concentração e postura de Equipa que devemos ter.
Acredito que inevitalmente isto irá acontecer. Por isso, por favor alguém que informe Quique Flores que jogar ali das duas uma, ou nos borrifamos, vamos lá fazer o frete e vimos embora ou se quisermos de facto ganhar, o factor EMOÇÂO deve ser muito bem trabalhado.
Fazendo uma análise rápida à Equipa do porto vemos que é na defesa que se encontra o elo mais fraco. Nitidamente existe um Central de marcação. Logo, a mobilidade não é forte do seu quarteto defensivo. É aí que temos de actuar. Não vamos como disse "encaixar" coisa nenhuma vamos sim contornar e jogar no espaço. Como creio irmos jogar com Reyes na esquerda, Fucile não se deve desposionar como habitualmente faz, por isso o seu espaço é nas costas e no interior. Todos sabemos que a marcação de Fucile não é a melhor. Suazo frente a Bruno Alves se tivermos árbitro a sério e isso ver-se-á logo nos primeiros momentos. Será após essa leitura que Jesualdo e Bruno Alves verão se têm a habitual margem de permissividade ou não. Se for um não, a David Suazo bastará aliar a todo o seu esplendor de velocidade e técnica a eficácia. Aimar será fundamental. Seja como municiador de Reyes (ou DI Maria) e de Suazo ou seja como finalizador. É um excelente jogo para si.
Deve ser o porto a procurar os jogadores do Benfica, deve ser o porto a procurar bola e termos em Suazo o primeiro defesa e em Moreira o primeiro avançado conforme a dinâmica de jogo a isso obrigue.