Caro Pinto da Costa,
Folgo muito em saber que continuas com o teu habitual sentido de humor, sempre apurado, e que tem como alvo predilecto o Benfica. Mas já há uns tempos que não nos brindas com nenhuma pérola, o que começa a ser de estranhar.
Mais de três semanas sem uma piada tua sobre o Benfica e eu começo logo a sentir falta de alguma coisa na minha vida. Sabes, com o tempo, habituei-me como tu, como dizem no norte, "afeiçoei-me" às tuas graçolas sobre o Benfica. O futebol é, normalmente, vivido de forma demasiado séria pelas pessoas.É tudo paixões assolapadas, sentimentos irracionais, ódios e ciúmes e invejas. Não há espaço para o humor, para a sátira, para a subversão divertida e provocatória. A gente olha em volta e vê muito poucos dirigentes com graça. São todos muito sérios muito trombudos. Tu não. Tens cada vez mais um ar de velho gaiteiro e malandreco. Lembras-me aqueles senhores todos aprumados que vão dançar aos Alunos de Apolo com a "Senhora", e se perfumam e vestem para a ocasião. E depois, à saída, todos ufanos, mandam umas bocas, para impressionar as donzelas cujo coração palpita de emoção. Tu és assim. "São seis milhões da treta", disseste a propósito do Benfica, e eu a pensar "lá está o velho pirata com as pantominas dele". O que te deves divertir a fazer chacota de nós! Melhor mesmo só ultrapassar o Benfica com uma vitória com um golo em fora-de-jogo e dois penáltis por marcar. Ah grande pirata, melhor era impossível, certo?